A violência doméstica é um cancro das sociedades modernas. E convém que não nos enganemos. Acontece em todas as classes sociais. E não é um problema dos mais velhos. Pelo contrário, a violência no namoro entre os jovens está a aumentar em Portugal.
Agora transplantem esta problemática de um país com dez milhões de habitantes para outro com 209 milhões de habitantes e profundas desigualdades sociais, regionais, étnicas. Nesse Brasil, a violência doméstica tornou-se uma verdadeira chacina, um feminicídio, uma realidade de guerra, como diz a autora de «Mulheres Empilhadas, Patrícia Mello.
É um livro brutal, que nos revira as entranhas e faz vibrar as cordas da injustiça quando constatamos que os casos de mulheres pobres ou índias, assassinadas das formas mais violentas e com requintes de malvadez, se arrastam na justiça, sobretudo se os eventuais assassinos forem pessoas respeitadas nos locais onde vivem; mas que ao contrário, se forem estes os assassinados, a justiça torna-se ágil como um crocodilo dentro de água na busca dos algozes.
Patrícia Mello é uma brilhantíssima escritora. Mas provavelmente atinge em «Mulheres Empilhadas» o topo do seu percurso literário com uma obra de tirar o fôlego aos leitores.
Jornalista especializado em assuntos económicos, foi diretor-adjunto do semanário Expresso e coapresentador do Expresso da Meia-Noite, transmitido na SIC Notícias.
Publicou seis livros, um de crónicas económicas e cinco de poesia, quatro dos quais em co-autoria com António Costa Silva. É um leitor compulsivo, adora jogar xadrez e diz poesia com uma banda de jazz desde 2006.
É o atual presidente do Conselho de Administração da Agência Lusa.
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